O músico Zé Moreira nasceu em 1965 em Vila Velha/ES e radicado em Vitória/ES. Descendente de negros e italianos cresceu nas redondezas de Paul, Cobilândia e Vila Garrido e passou a adolescência em Jardim da Penha, porém nunca esqueceu de suas raízes suburbanas e sua musicalidade está muito ligada a essa ponte entre o subúrbio e a classe média.
Começou sua carreira aos 16 anos quando foi classificado no V salão do compositor capixaba e a partir daí passou a tocar na noite e em teatros de vitória, sempre colocando a obra autoral como prioridade em sua carreira. Por volta dos 18 anos teve seu primeiro contato com o jazz, estilo pelo qual se apaixonou e transformou em um dos alicerces de sua musicalidade. Tocando guitarra e violão utilizou o jazz – ele próprio gosta de dizer que é uma ferramenta de trabalho – para compor suas canções misturando regionalismo e sofisticação harmônica.
Como guitarrista e violonista tocando na noite de Vitória chamou a atenção do cantor e compositor cachoeirense Sergio Sampaio com o qual se apresentou em diversos shows em Vitória, fez turnê em Brasília e participou do documentário “Cachoeiro em Três Tons”. Além de ter formado uma grande amizade com Sérgio foi um dos últimos músicos a acompanhá-lo antes de sua morte. Após a morte de Sergio Sampaio, Zé Moreira continuou se apresentando na noite de Vitória e estudando o Jazz – como autodidata – de forma cada vez mais intensa, sem deixar de lado a composição que é atividade que até hoje mais lhe dá prazer.
No final dos anos 90 no auge de seu amadurecimento musical Zé Moreira foi convidado a trabalhar como diretor de cultura da prefeitura de Cariacica para uma complicada missão: realizar o tradicional carnaval de congo de Roda D’água. Ele que já tinha uma idéia do congo pelas mãos de parceiros musicais como Jonathan Silva e Zé Antônio, tinha agora a oportunidade de viver e conviver ele próprio com essa cultura tão especial, oportunidade única principalmente por se tratar de Roda D’água um lugar que o difícil acesso preservava e ainda preserva com maior vigor a pureza dessa tradição popular.
Logicamente ele fez jus a essa oportunidade e nas palavras de sua esposa: “se enfiou em Roda D’água” de corpo e alma. Em parceria com o artista e amigo Zuilton realizou, talvez, o carnaval que mais respeitou a cultura do local, estimulando, por exemplo, a criação das primeiras bandas de congo mirins da região. Foram meses de convivência com mestres, congueiros, pessoas da comunidade. Absorveu intensamente aquela atmosfera cultural e por fim compôs uma de suas mais belas canções intitulada Roda D’água.
Já nos anos 2000, após muitos anos de carreira e muitas belas composições no repertório chegava à hora de realizar o sonho de gravar um disco. E no final de 2001, com o incentivo da lei Rubem Braga foi lançado o primeiro disco de Zé Moreira “Feito a Mão”.
Como o próprio nome sugere o disco foi fruto de muito trabalho e dedicação, visto as dificuldades que existem para um artista independente que precisa compor, fazer arranjo, tocar, produzir, divulgar, vender, etc. Mas já de cara o disco começou rendendo bons frutos como a classificação no III Prêmio Visa de Compositores e a admiração de personalidades como o crítico musical Roberto Moura, o pianista Elvius Vilela, e talvez o mais importante: o Baterista e percussionista Robertinho Silva.
“Não tinha nada pra fazer foi chegando assim, assim…” Assim começa a canção Não Tinha Nada Que – faixa sete do disco Feito a Mão – gravada em versão instrumental primeiramente por Robertinho Silva e Ney Conceição no disco em duo “Jaquedu” e posteriormente pela conceituada cantora francesa Manú Le Prince em seu álbum “Madrugada”. A canção em 5/4 traduz a sonoridade jazzística e regional, tão presente na obra musical de Zé Moreira, que rendeu de cara a admiração de Robertinho Silva e Manú Le Prince.
Em 2009, Zé Moreira em parceria com Robertinho Silva, lançou o seu segundo disco “Padedês de Sararás” também possibilitado pela lei Rubem Braga. Feito em duo com Robertinho Silva o disco já está pronto e se encontra em processo de prensagem e deve ser lançado nos próximos meses. O disco é todo feito de canções de Zé Moreira gravadas apenas por ele nas cordas e Robertinho Silva nas percussões, refletindo bem a continuidade de sua carreira e o tempero mágico de um dos maiores bateristas e percussionistas do mundo.
DISCOGRAFIA:
(2001) FEITO A MÃO
01 – Ladê
02 – Benedito
03 – Mãos Pelos Pés
04 – A Flor da Pele
05 – Brilho da Lama
06 – D’oxum
07 – Faço Luz
08 – Na Boca do Lixa
09 – Não Tinha Nada Que
10 – Nega Ô
11 – Quero Água
12 –Roda D’água
(2009) PADEDÊ DE SARARÁS
Desde que se conheceram, há mais de dez anos, Robertinho Silva e Zé Moreira ensaiam a formação de um duo.
O projeto, realizado em 2009, denominado Padedê de Sararás, une toda sofisticação e experiência emolduradas por uma formação suburbana e, ao mesmo tempo, jazzística, de ambos. Robertinho Silva, músico que, sem dúvida, integra o elementar grupo de artistas brasileiros mais importantes do século XX, demonstra no projeto Padedê de Sararás todo conhecimento instrumental e rítmico adquirido no decorrer dos seus 50 anos de carreira e pesquisa musical.
Zé Moreira, um dos compositores, cantores e instrumentistas mais promissores da nova safra de músicos brasileiros, traduz no palco de Padedê de Sararás o contador de histórias, o cancioneiro popular, e transita da viola à guitarra, do samba ao jazz com a mesma naturalidade em que entoa os motes de congo.
No mais novo trabalho do duo, Robertinho Silva assume as baquetas e os tambores, Zé Moreira empunha as guitarras, os violões e os baixos, a mistura promete.
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