sexta-feira, 20 de abril de 2012

NICE SILVA

Aos 21 anos, Nice Silva estudou até o Ensino Médio, em Guaçuí, mas teve seu primeiro contato com a música em casa, já que seu pai tocava violão, mas não admitia que sua filha aprendesse o instrumento. Ela também lembra que seu contato com a música aconteceu quando foi aluna do Centro de Integração Social (CIS), mantido pela prefeitura, onde fez parte do coral. “No começo, era uma distração”, afirma Nice, que aprendeu a tocar violão, sozinha.

Quando entrou na adolescência, com 16 anos, começou a levar o violão para a rua, para encontrar com amigos e ficar tocando na praça da cidade. Mas não conseguia espaço para tocar nos bares. “Acho que por preconceito, talvez por ser negra e muito pobre, não me deixavam tocar em lugar nenhum”, conta. Mas um dia, indo para casa, com o violão, já de madrugada, o dono de um quiosque fez um desafio para que ela tocasse. “Ele fez por zoação, mas quando comecei a tocar, o pessoal gostou e passei a ter chance de tocar nos barzinhos de Guaçuí”, afirma.

Nice compõe músicas desde os 12 anos, quando começou a tocar violão, e como não possuía rádio em casa, tinha dificuldade para conhecer as músicas que estavam nas paradas de sucesso, o que precisava saber para poder tocar nos bares e em festas, porque o público não queria ouvir apenas suas músicas. “Então, eu tinha que pedir para os meus amigos me mostrarem as músicas e eu poder conhecer as letras e melodias e tocar”, conta.

Depois disso, começou a ser convidada para se apresentar em eventos da prefeitura, tocando para autoridades, como o governador Paulo Hartung, por exemplo. Ela se apresentou também em Vitória, no Teatro Carlos Gomes, e em outros eventos. “Mas o grande primeiro palco que subi para tocar para uma multidão foi no ano passado, no Dia do Trabalhador, no Estádio Municipal de Guaçuí”, destaca.

Cantora e compositora Nice Silvaí, vem de uma família de 11 irmãos, muito humilde, mas que sempre teve ligação com a música. Seu pai tocava violão, um dos motivos para buscar aprender o instrumento, uma irmã canta na igreja, outra canta forró e outros tocam violão também. “E tem até uma que adora cantar pagode, mas na hora em que falo para ela se apresentar, não quer”, conta Nice, que tem um filho de 4 anos e mora sozinha, vivendo de sua música e do salário de servidora municipal, trabalhando no Centro de Referência de Assistência Social (Cras).

E Nice não se esquece da promessa que fez para si mesma, ao falar que ainda vai comprar uma casa para sua mãe, “com a minha voz”. E a mãe, Maria Conceição Silva, com 60 anos e 60 netos, acredita que ela vai conseguir, apesar de nunca ter sonhado que sua filha iria chegar tão longe. “E ver que ela está conseguindo o que sempre sonhou é muito gratificante, porque já passamos muita fome, somos pessoas simples, e ela merece algo melhor”, afirma dona Maria Conceição, que também sonha com a casa que sua filha prometeu, enquanto apresentava os netos que estavam com ela, na casa de uma de suas filhas, irmã de Nice.

E sua irmã, Concenir da Silva, 30 anos, também admite que não esperava que Nice um dia conseguiria chegar até onde chegou. Mas afirma que, no dia em que ela foi em sua casa, para cantar para ela, no Dia das Mães, se emocionou com a voz da irmã. “E só desejo que ela consiga realizar seu sonho, porque ela merece e minha mãe também, porque ela sempre deu força para a Nice”, afirma. 


O ENCONTRO COM A DUPLA VICTOR & LÉO E O SONHO SE TORNANDO REALIDADE
Com o talento reconhecido em Guaçuí, Nice Silva começou a ter a chance de ser chamada pela prefeitura, sempre que um grande nome da música nacional se apresentava no município. Ela destaca que o prefeito Vagner Rodrigues sempre lhe deu apoio e a colocou para se apresentar nos shows do cantor Daniel e da dupla Gian Giovanni. Mas foi no ano passado, no show da dupla Vitor e Léo, a qual esteve na Festa de Guaçuí, que tudo começou a mudar.

Nice conta que, ao saber da presença da dupla na festa, resolveu compor uma música especialmente para apresentar para os dois. E no dia do show, o prefeito Vagner Rodrigues a colocou dentro do camarim dos artistas, antes da apresentação. Mas ao tentar mostrar a música que tinha composto, começou a ser retirada pelos seguranças. “Aí, era os seguranças me tirando e eu cantando a música, para ver se os dois ouviam”, conta. E deu certo.

Vitor e Léo ficaram impressionados com a voz de Nice e com a sua música. Então, pediram o seu endereço e telefone, mas até aí tudo parecia ser só uma promessa. No entanto, ainda no final do ano passado, eles a convidaram para ir até Uberlândia (MG), mas ela não teve como ir, por falta de recursos. “Achei que tinha perdido a chance”, afirma. Mas Nice não desistiu, conseguiu juntar dinheiro, pediu emprestado e, há dois meses, foi parar em Uberlândia, onde encontrou com o empresário da dupla e foi apresentada à Sony Music, conhecendo vários artistas e sendo registrada como compositora. Foi então que soube que Vitor e Léo iriam gravar sua música no próximo DVD.

GRAVAÇÃO E REVELAÇÃO
Ela, então, foi convidada para participar do ensaio da gravação, e Vitor e Léo disseram que gostaram muito da música e da sua voz, lha comunicando que ela iria participar da gravação do DVD, ao vivo, em Florianópolis. No dia da gravação ganhou um violão de presente do Vitor e encontrou com os artistas que participaram do show. Todos elogiaram muito sua voz e sua música, assim como o público de 200 mil pessoas, que aplaudiu e cantou sua canção. “Tentei não prestar atenção em quantas pessoas estavam me assistindo, para não travar em cima do palco, porque estava muito nervosa”, conta Nice que teve um camarim só para ela, com seu nome na porta, e conversou com Paula Fernandes, Zezé di Camargo e Luciano, Chitãozinho e Xororó, Thiaguinho, Pepeu Gomes e Nando Reis. “O Luciano me procurou depois da apresentação para me conhecer, pegou meu telefone e disse que vamos cantar juntos”, revela Nice.

Ela também recebeu a promessa que voltará a ser procurada por Vitor e Léo, e lhe perguntaram se gostaria de ter outras músicas gravadas, podendo acontecer até a gravação de um CD. “Se for para ir, peço a Deus que me guie, porque Ele é que sabe até onde vou, mas vontade de seguir em frente não me falta”, afirma Nice, que é religiosa, faz parte Igreja Comunidade Resgate, de Guaçuí, e onde teve uma revelação. “Uma pessoa da igreja, há muito tempo atrás, disse que teve um sonho em que me via pegando um avião e cantando para uma grande multidão, e o sonho se concretizou”, destaca.


VÍDEOS:
Parece Que Vai Chover Hoje a Noite

Qualquer Lugar

Sem Negar (com a dupla Victor & Léo)


Nice Silva e banda Herança Negra cantando Tim Maia


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