terça-feira, 8 de novembro de 2011

SILVA

Para nossa agradável surpresa, eis que surge mais um novo e maravilhoso disco para 2011. Desta vez a graciosa música é conduzida pela voz de um jovem capixaba de apenas 23 anos. Lúcio Silva de Souza é um simplificador da música brasileira, sem exageros, seu som é minimalista, o que, para o nosso bem, exige um mínimo de sensibilidade auditiva.
Nada de complicação para misturar o orgânico com o sintético, universalizar-se parece muito fácil para esse rapaz. Cantar em português é a única referencia local para sua arte (que é ótimo), fora isso o SILVA é do mundo. Ainda simplificando as suas estéticas, o disco homônimo é assinado SILVA, um EP com apenas cinco (e suficientes) músicas para não esquecermos sua estreia na cena contemporânea da música BRASILEIRA. Só para aqueles que carecem de boa referencia (dispensamos), o seu disco foi masterizado por Matt Colton, o mesmo cara que finalizou os discos do James Blake. Tá!
Eu poderia passar horas falando do trabalho desse novato, mas, deixamos as delongas para os outros blogs, não precisamos falar muito. Se esta aqui é porque temos a certeza que você, assim como nós, não precisa de críticas floreadas e sim de ouvidos generosos. E esse é o nosso forte. PLAY! Pra tirar a música do Brasil do lugar, mais uma vez.
Tudo começou em 2011, quando Lucio Silva, um capixaba de 23 anos, soltou um EP com 5 faixas na internet. O som era tão qualificado e diferente, que logo gerou repercussão na web: todo mundo começou a comentar sobre um tal projeto musical chamado ‘SILVA’ . O alcance de seu trabalho foi aumentando e SILVA realizou o segundo show de sua carreira no Sónar SP, festival de música para mais de 30 mil pessoas. Ele dividiu o palco com Cee Lo Green e James Blake.
Esta verdadeira revelação acaba de assinar contrato com o Slap, selo de novos artistas da Som Livre, e lança seu primeiro disco, Claridão. O resultado não poderia ser diferente: são 6 faixas inéditas que, somadas às do EP, formam um álbum com sincronia perfeita. Claridão carrega toda a energia do jovem músico e mostra a assinatura que o artista criou em pouco tempo: um som diferente e contemporâneo.
Além do talento de Lucio, o CD contou com Matt Colton na masterização, Jeremy Parkna na mixagem, Jorge Bispo na fotografia e Rob Carmichael na arte gráfica. Um time e tanto! E o álbum já está dando o que falar: em sua data de lançamento digital, alcançou o sexto lugar no Top Álbuns do iTunes Brasil.
Não seria estranho dizer que Claridão é absurdo e digo isso para os dois lados do significado da palavra. Se por um lado é um disco bonito, muito bem arranjado e desenhado, por outro escancara uma personalidade simplista em palavras e grandiosa em melodias, conversando com o ouvinte através de acordes e sussurrando palavras como complemento musical, fazendo da sua obra forte e grande demais para o rosto inocente e o semblante tranquilo de Lúcio Souza, o jovem por trás do SILVA.
Analisando pelo lado ouvinte, o detalhismo instrumental e a voz harmoniosa do projeto chamam atenção. O registro é homogêneo e novo, tratando a música brasileira no mesmo nível da internacional, chegando num balanço sonoro raro apresentado no país. As batidas e letras são legitimamente nacionais, indo de encontro ao acabamento gringo, programações e orquestrações improváveis de serem usadas daquela forma, tornando o registro único no país atualmente.
Apesar de ser longo, o CD traz grandes surpresas. A faixa tema, por exemplo, revela uma faceta dançante da ‘palavra de Deus’ disfarçada de pop indie – artimanha já bem utilizada pela amigaMarcela Vale, a Mahmundi. Parece tratar de uma fuga dos olhos de Deus, mas que no final é impossível continuar não estando ao Seu lado. Outra interessante é “Posso”, que lembra ligeiramente a canção “Quando Jesus Estendeu a Sua Mão” – na qual SILVA, apesar de não estar creditado diretamente, cantou no disco Doxologia (2007), quando era tecladista da banda de seu irmão, a Lucas Souza Banda.
“Ventania” é a mais bem amarrada junção musical dentro do álbum, misturando uma série de estilos, fazendo a tônica do álbum e seu indecifrável estilo. Não há um nome a ser sugerido para o gênero sonoro criado por SILVA. “Falando Sério” e “Mais Cedo”, outras duas amostras inéditas do trabalho, ganham abertura pelo risco vocal e ousadia melódica, respectivamente, com destaque para a camada sonora lisérgica inserida no final da última citada. As letras são o grande ponto baixo do disco, com pouco direcionamento e profundidade, salvo “2012″ e sua mensagem apocalíptica-ensolarada.
As faixas presentes no EP de estreia do músico ganharam novos instrumentos em cima da base já pré-gravada, deixando a produção de Lucas de Paiva (o People I Know) de lado e com o próprioLúcio assumindo a direção das canções – como fez com todas as inéditas e anunciou em entrevistas. Infelizmente, estas modificações nas músicas não surgem com o efeito esperado e fazem faixas como “Imergir” (já abafada em shows pela falta de guitarra no palco) e “Cansei” perderem um pouco de seu brilho original. “A Visita” aparece escondida no fim do álbum e “Acidental”, junto com a nova “Moletom”, se tornam desnecessárias no álbum, merecendo inclusive o corte do produto final.

O resultado da bolacha é o SILVA. Um cara muito distante daquele Lúcio Souza que iniciou seus trabalhos musicais para a internet, agora com uma abertura musical e ousadia ainda maior, aliando de maneira proveitosa a experiencia adquirida com o irmão e o caminho eletro-brasil dado porMahmundi e Lucas de Paiva no início da carreira solo. Espero que a música “2012″ não seja real e possamos desfrutar de SILVA por muito mais tempo.


DISCOGRAFIA:
(2011) SILVA
01. 12 de Maio
02. Imergir
03. A Visita
04. Cansei
05. Acidental







(2012) CLARIDÃO
1. 2012
2. FALANDO SÉRIO
3. CANSEI
4. 12 DE MAIO
5. VENTANIA
6. MAIS CEDO
7. CLARIDÃO
8. ACIDENTAL
9. POSSO
10. IMERGIR
11. MOLETOM
12. A VISITA



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